Edição Novembro 2022

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Sem tréguas no fornecimento de peças

Infelizmente o assunto não é novo mas parece que temos renovado o mesmo "contrato". Após a pandemia e da crise dos chips a guerra na Ucrânia não tem fim à vista e continua a cria inercia em muitos sectores incluindo o automóvel. Atualmente, a nossa realidade, dos últimos 3 anos, são fabricas paradas ou com um caudal de produção muito reduzido e exportações canceladas ou adiadas.
Em 2020, fabricas fecharam e adaptaram-se para dar resposta à pandemia Covid-19, porque a taxa de contagio era elevadíssima o que provocou escassez ventiladores e meios de assistência às vitimas. Numa altura em que as vacinas ainda estavam em tudo de ensaio, os construtores tiveram de abrandar e mesmo com o negocio prejudicado com o fecho de stands e oficinas devido à proibição de circulação temos o exemplo de vários que entraram na onda de solidariedade, como a nossa equipa de F1 que aproveitou a paragem de corridas para fabricar ventiladores para alguns hospitais britânicos.
Em 2021, outra crise, que já tinha dado indicadores, explodiu com uma falta global de semicondutores. Como tudo que usamos hoje usa chips e esses usam semicondutores entramos num reboliço de falta de stock de varias unidades essenciais no automóvel e para ficarmos com uma ideia o setor automóvel apenas representa 8% de toda a receita de fornecedores desta matéria. O problema afetou peças com variadas funções e os construtores tiveram de começar a fazer uma gestão quase diária da produção. 
Agora em 2022, a guerra na Ucrânia que apesar de estar eminente à vários anos nunca houve a audácia para avançar. Nós ainda com a pandemia e com a falta de semicondutores ao colo e rebenta uma guerra violenta e ainda sem fins à vista... Vivemos tempos difíceis, que para ajudar, agarraram também na inflação e que tem vindo a fazer moça em muitos países e particularmente nos consumidores, os mesmos que fazem o negocio também andar. 
Os construtores tem também de lidar com novas normas de poluição (EURO 7 prevista para 2025) e a pressão para a eletrificação do setor.
Agora mais recentemente, consequência da guerra entre Rússia e Ucrânia, uma crescente falta de vidro para fabricar janelas e para-brisas. O gás vindo da Rússia é das principais fontes de energia usada na Europa pela indústria do vidro, sendo que é necessário grandes quantidades do mesmo para a fundição dos componentes que compõem o vidro.
Como toda esta falta de componentes a maioria das fábricas que, como um relógio suíço, trabalhavam com a metodologia "just in time" (os componentes apenas chegavam no momento que era necessários de modo a ser mais econômico e evitar acumulação de stock nas fábricas) teve de adotar outra estratégia  começar a criar stock nas fábricas para tentar combater toda esta loucura.
Alguns especialistas dizem que o problema no setor automóvel foi que vários fornecedores foram alocados para outros setores para colmatar a grande procura levando hoje em dia a tempos de espera muitas vezes inaceitáveis para um cliente que normalmente esperava uns meses e agora tem de esperar anos em muitos casos. A Mercedes optou em alguns modelos específicos, tendo em conta a dependência das peças em falta, a entrega do veiculo com promessa de posterior instalação. 
A nossa empresa também está a sofrer com todos estes eventos nos últimos anos e por isso pedimos a opinião tanto ao setor do Após-Venda como das Vendas para nos darem uma opinião pessoal respondendo à seguinte pergunta:

Como é que a falta de componentes / matérias prima tem influenciado o seu departamento em especifico?

Diretor Após-Venda - Eng. Vitor Ferreira
 
Como sabe a falta de componentes e matérias primas está neste momento a afetar todos os sectores, e em particular a área automóvel. Nas Oficinas notamos uma dificuldade acrescida no fornecimento de peças, quer sejam peças mais tecnológicas que integram semicondutores, quer nas outras. Esta dificuldade tem consequências negativas para a nossa atividade a vários níveis:
 
1. Demora na conclusão das reparações. Nas avarias imobilizantes o cliente tem acesso a mobilidade gratuita (viatura de substituição) que é disponibilizada pela marca. Em caso de sinistro não se aplica este apoio e nos casos em que temos acordos com as Seguradoras, são as Oficinas a suportar o custo com a mobilidade. (na última semana de Setembro tínhamos mais de 50 reparações com falta de peças!)
2. Gestão das viaturas parqueadas.
3. Faturação pendente. Vamos acumulando reparações sem possibilidade de as concluir e, consequentemente, de as faturar.
4. Imagem da marca.


Diretor Vendas - Dr. João Paulo Themudo
 
No caso das Vendas é do conhecimento geral que o setor automóvel está a passar pelo que se tem denominado como “uma tempestade perfeita”.
 
Há uma conjugação de diversos fatores, que começou com a pandemia, a suspensão da produção, a diminuição de turnos, a crise dos semicondutores, a guerra na Ucrânia, os confinamentos asiáticos, que levaram a enormes problemas nas cadeias de abastecimento de componentes, aumentos de preços nas matérias-primas, aumentos de custos energéticos, consequente crescimento da inflação, além de enormes constrangimentos ao nível dos transportes.
 
Tudo isto, em conjunto, provocou enormes quebras no setor automóvel a nível mundial, a que a Mercedes-Benz e a smart não escaparam. Obviamente que os efeitos se fizeram sentir igualmente em Portugal e, consequentemente, na Sociedade Comercial C. Santos, que tem recebido muito menos viaturas da Mercedes-Benz Portugal, pelo que, obviamente, também tem menos viaturas disponíveis para venda.
 
Não é fácil isolarmos especificamente o peso da falta de componentes, para medirmos o seu impacto, porque, conforme referimos anteriormente, está inserida em todo um contexto adverso que se conjugou. No entanto é verdade que ele se continua a sentir, havendo ainda:
  • Cortes na produção de vários modelos;
  • Atrasos na produção de viaturas;
  • Alteração dos equipamentos em diversos modelos;
  • Bloqueios diversos de viaturas em fábrica;
  • Atrasos sistemáticos nos transportes internacionais e nacionais;
  • Aumentos de preços mais frequentes do que era habitual;
  • Redução das condições comerciais que nos são dadas pela MBP.
 
Pelo anteriormente referido é fácil percebermos que as Vendas têm sido fortemente impactadas nestes últimos dois anos e meio.
 
Gostaria, no entanto, de referir a enorme capacidade de adaptação e resistência que toda a equipa demonstrou, tendo vindo a ser capaz de manter elevados níveis de satisfação, por parte dos nossos clientes, apesar de todas as falhas que temos registado, além de conseguir assegurar que a rentabilidade do setor não é afetada negativamente pelo contexto fortemente adverso.
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