Edição Novembro 2019

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Para grandes congestionamentos
Grandes soluções... 

O trânsito nos grandes centros urbanos pode ser um real pesadelo diurno para a maior parte das pessoas mesmo aqueles com paciência olímpica. As opções sob procura e a facilidade com que os bits digitais fluem para nossos dispositivos criaram grandes expectativas. A gratificação instantânea é a visão - ou a maldição - que os estudiosos de mobilidade tem de enfrentar.
Podemos afirmar que não é por falta de tentativas de facilitar a mobilidade nas grandes regiões metropolitanas, muitos políticos, planeadores urbanos, engenheiros e académicos vêm há décadas pensando e mexendo em possíveis soluções para levar milhões de pessoas de A para B mais rápido, mais seguro e mais confortável.
São realizadas simulações, idealizam-se esquemas de estacionamentos e passeios, circuitos alternativos e faixas especiais para os transportes público e mesmo assim por vezes pode o cenário ser caótico!
Pegando no exemplo dos jogos olímpicos de 2016 realizados no Brasil, o governo teve de declarar mais quatro feriados para aliviar o congestionamento. Estiveram perante um caso excepcional onde milhões de passageiros, atletas e fãs afluíram aos mesmos locais. Rapidamente choveram manchetes acusatórias de mau planeamento do evento... 
Para este problema a Daimler tem várias soluções em estudo mas as que nos chamaram mais a atenção estão em posições completamente opostas na mesa de debate.
(Nota: ambas as soluções são a pensar numa estratégia a médio/longo prazo e normalmente associadas à condução autónoma)

1. "Não os podes vencer junta-te a eles"
 
Quem nunca passou várias horas no trânsito? Ou porque uma tempestade decidiu aparecer de repente ou porque nos lembramos que aquele atalho que parecia mais rápido se tornou afinal bastante mais demorado. Estamos a falar de estar completamente parados muitas vezes sozinhos e já sem paciência para aturar as buzinadelas. A ideia partiu de dois jovens (Sven-Eric Molzahn e Fabian Gajek) que decidiram criar um caso de estudo para a feira Mobile World Congress (MWC) em Barcelona onde o automóvel podia ser também uma consola de jogos. À primeira vista pode parecer futurista e um quanto imprudente imaginar este cenário e como todos os caminhos que o setor automóvel está a seguir a legislação vai ter de se adaptar principalmente nos campos da ética e segurança rodoviária.
O protótipo fora da caixa fez com que a dupla o emprestasse de experiência por duas semanas e ao fim de alguns meses ainda não foi devolvido e está a "viver" uma vida de sonho viajando pelo mundo de exposição em exposição.
 
Várias perguntas fazem sentido quando nos deparamos com este conceito e as respostas parecem bastante óbvias, mas serão? Quando conduzimos sabemos que a nossa concentração deve estar focado na estrada e em todos os elementos que nos rodeiam mas num futuro relativamente próximo a condução autónoma vai fazer com que a experiência seja bem diferente e que ainda nos é muito difícil de prever. A verdade é que para já a experiencia está adaptada à situação atual e os criadores prometem que a única coisa que é necessário para o sistema funcionar é uma situação de trânsito. 
Ideias não faltam e a cada palavra que ouvíamos desta palestra percebíamos o potencial escondido de toda esta maluqueira.
Vamos imaginar uma situação de transito real e comum do nosso dia-a-dia, hora de ponta ao final do dia, ficamos parados na entrada da VCI e no rádio só passam anúncios que não nos dizem nada e a nossa paciência, que já era pouca, fica por um fio entornando o caldo quando o esperto da faixa da esquerda quer entrar à ultima. Imaginem agora o mesmo cenário mas quando a viatura está parada no trânsito o sistema de infoentertenimento disponibiliza um quiz de um tema à escolha e que o mesmo pode ser jogado sem tirar as mãos do volante? Tipo "Quem quer ser milionário no trânsito?".
As ideias não ficam por aqui, imaginemos agora que durante a pequena paragem o nosso volante sensível ao tato se torna uma bateria tornando aquele momento num verdadeiro concerto de metal! Querem ir mais longe? E se o tablier do lado do passageiro fosse também uma plataforma interativa e o que anteriormente era o concerto mais pequeno do mundo começa a fazer ouvir-se! (Agora admitam quem é que nunca, inconscientemente, usou o volante para acompanhar uma batida de uma música?)
Os criadores acreditam que este tipo de entretenimento pode ser mesmo a nova geração gaming, negócio avaliado em vários bilhões de dólares anualmente a nível mundial. 
O protótipo está equipado com o primeiro jogo criado pela dupla em que imita o famoso jogo da Nintendo - Mario Kart. Como no jogo original o objetivo é acabar em primeiro a corrida com o twist que cada jogar tem acesso ao longo da corrida a pequenos adicionais que apimentam a corrida (bombas armadilhadas, bananas para fazer adversários escorregar e até misseis teleguiados).
O jogo já era emocionante por si só, mas nesta nova plataforma podemos tirar ainda mais proveito do que o veículo já nos proporciona... Cada erro pode ser punido usando os pré-tensores dos cintos de segurança, a falta de troca de mudança pode causar um aumento da temperatura do volante ou mesmo uma vibração do mesmo, uma saída de pista pode ser simulado com o deslocamento do banco elétrico para a frente e para trás e o aumento de velocidade pode ser sentido com o aumento da ventilação.
Penso que começo a ficar convencido!



2. "Queres passar? Passa por cima"
 
A Daimler AG investe e apoia desde pequenas empresas a grandes empresas tecnológicas que possam ser bons parceiros tanto ao nível de retalho como nos serviços. A mudança tecnológica está a levar a a companhia progressivamente deixe de ser um grande retalhista e passe a ser um empresa que disponibiliza serviços.
Umas delas é denominada LAB 1886 que tem como principal objetivo explorar soluções de mobilidade. No meio de tantos projetos em pipeline, o Volocopter foi o que mais se destacou para ser falado no ambito do congestionamento urbano exagerado que se nota em alguns pontos específicos pelo mundo.
Sendo a globalização urbano um fenómeno de moda, prevê-se que até 2050 mais de 2/3 da população mundial viva em centros urbanos. Entretanto, este crescimento faz com que a distância percorrida todos os dias seja cada vez maior tornando.
Com aspeto futurista e saído de um filme de ficção científica onde as estradas passam a ser "desenhadas no céu, o Volocopter foi projetado a pensar na mobilidade urbana para evitar o congestionamento e o rápido acesso ao destino (podendo facilmente ser um táxi aéreo). A ideia é tornar o protótipo disponível para as massas e não apenas para os super ricos resolvendo assim problemas que até agora apenas poderiam ser pensado para o subsolo.
Aparentemente pode ser semelhante a um helicóptero convencional mas no seu cerne operacional é mais aproximado a um drone em ponto grande. Na verdade é muito mais silencioso, requer menos manutenção e a sua propulsão e exclusivamente elétrica - resultando num meio de transporte com emissões zero. 
  • Volocopter é o primeiro protótipo a ter um certificado que o permite voar na Alemanha;
  • Apenas tem lugar para duas pessoas - estudos recentes provaram que apenas dois lugares são suficientes, facilitando a manobrabilidade e estabilidade;
  • É composto por 18 rotores que operam numa gama de frequências que a perceção humana é de apenas o trabalhar de dois rotores, Pode ser até 7x mais silencioso que um helicóptero;
  • Sistemas de redundância evitam problemas técnicos ou falhas no sistema, tornando-o muito seguro;
  • Velocidade máxima de 100Km/h, pode parecer pouco, mas pensem que o trajeto pode ser em linha reta e sem trânsito!
O futuro parece que se está literalmente a inspirar em visões de filmes científicos que à época parecia que era tudo impossível mas com a tecnologia que temos vindo a desenvolver esse impossível fica cada vez mais perto. Podemos estar a presenciar a abertura de portas para caminhos brilhantes. Vamos esperar pelos próximos episódios...  
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