Edição Junho 2020

Várias notícias e algumas intrigas que temos recebido chamaram a atenção e mereceram ser assunto de destaque este mês no nosso Tecnews.
Tudo começa com boatos de uma nova geração de downsizing (ainda mais?!) para futuros motores AMG e uma perspectiva mais verde com a promessa de não se perder o nervoso miudinho que tanto entusiasma os mais puristas.
Estes tipos de notícias deixam-nos sempre de pé atrás e a magicar qual será a próxima grande ideia dos maníacos de Affalterbach e se realmente o espírito desportivo que tanto caracteriza esta divisão da Mercedes se vai manter.

Tudo começou em 1967 quando dois engenheiros da Daimler AG (Hans Werner Aufrecht e Erhard Melcher) decidiram fundar uma nova empresa dedicada ao desenvolvimento de motores de alta performance. Em 1971, nas 24h de SPA uma parceria com a Mercedes levou a que o 300SEL 6.8 fosse o campeão na sua categoria e 2º posição na geral. Esta vitória levou a que o nome da AMG ficasse mundialmente conhecida no meio das corridas

Apenas em  2005 é que a AMG e a marca alemã da estrela se fundiram mas antes disso muitos sucessos criaram juntos...

Agora que já conhecemos um bocado mais da história vamos ao que relamente nos inquieta... Rumores de uma redução significativa na estrutura dos novos motores AMG levam a querer que o novo motor do Classe C AMG será reduzido para metade! Sim, vamos passar de um V8 biturbo para um 4 cilindros em linha com um turbo... Isto à primeira vista parece um pesadelo, especialmente devido a todo o legado deixado, mas como os ingleses dizem "there is more than meets the eye" e o que nos leva a pensar que a história não está toda contada...
 

Afinal conhece a linhagem desta família real?

O primeiro Classe C desenvolvido em conjunto foi em 1993 e foi o conhecido C 36 AMG. O ponto de partida foi o motor do E320 com uns "pós mágicos" que dariam vida a 280 cavalos ao esmagar do acelerador. Para isso o bloco teve de ser revisto e a cilindrada aumentada de 2.8L para 3.6L. Foram fabricados 5221 unidades deste modelo que teve o seu descanso em 1997 dando lugar ao seu sucessor o C 43 AMG.

Com o aproximar dos anos 2000 a AMG decidiu que o caminho a seguir era aumentar a musculatura dos motores e então para o mesmo chassi criou o C 43 AMG. Neste pequeno foguete ambulante podíamos encontrar um poderoso V8 de 4.3L e com 306 póneis pronto para a largada. Apesar de todo o aparato dos números este modelo teve os seus problemas de fiabilidade e mais alguns de corrosão o que o levavam a estar mais tempo na garagem do que os donos esperariam.

Temos de avançar para o ano 2004 para encontrarmos o próximo sucessor, o C 55 AMG. Na mesma linha de pensamento temos um motor V8 com 5.4L mas agora com mais cavalos, mais concretamente 367.

Em menos de 20 anos vemos uma evolução de quase 200 cavalos entre gerações pois o próximo concorrente tem 457 cavalos e um motor V8 com 6.2L (o último naturalmente aspirado). Claro que estamos a falar do C 63 AMG (W204) que ficou com a denominação "ao lado devido" a coerência de legado e que continua ainda hoje...

Na transição para o chassi W205 alguns fãs já torceram o nariz com o motor V8 de 4L e com dois turbos, mas o mesmo veio provar que estava à altura dos anteriores e mostrou ser um motor que dava luta. Este motor/variante ainda hoje usado para grande parte dos "63 AMG's" que circulam. A caixa 7G-MCT Speedshift veio diminuir os tempos de passagem de caixa e aumentar o tamanho das fraldas dos mais assustados.

Agora com a futura geração do novo classe C a expectativa será o maior downsizing da história, apesar de nada estar confirmado oficialmente podíamos abrir uma banca de apostas que com alguma certeza sairíamos a ganhar.
O que é que isto quer dizer? Mais vale partir o porquinho mealheiro e gastar as poupanças no ultimo motor V8 biturbo da classe? Ou devo esperar para perceber que sairá no ovo Kinder AMG?

Vamos abrir o jogo e analisar as informações oficiais que temos...

1. Uma entrevista de Tobias Moers que o mesmo admite que o novo motor M139 (4 cilindros 2.0L usado no novo A45) pode vir a ser usado mais tarde em outros modelos da marca. Se for o caso do novo classe C podemos então contar já com pelo menos 421 cavalos que são os que equipam a versão S dos 45's. 

2. Tração 4MATIC+ parece estar na moda para os novos modelos AMG. Isto pode querer dizer que podemos ter mais um fator de diversão com um possível Drift Mode devido a um diferencial traseiro complexo de discos.

3. Hibridação da cadeia cinemática tem sido uma mais valia em termos de emissões poluentes e uma ajuda na melhoria da performance. A aposta estará num sistema 48V com ISG (já falamos sobre isto alguém se lembra? Tecnews Janeiro 2020) em que a máquina elétrica poderá dar uma ajuda na performance dando um kick adicional.
 

4. Um novo turbo elétrico foi anunciado a meio de Junho pelo canal oficial da Daimler. Este turbo é aparentemente um turbo normal como conhecemos, com parte quente e parte fria mas com uma ligeira modificação pois inclui um motor elétrico de apenas 4 centímetros de espessura no veio.

Este turbo emprestado da F1 e desenvolvido em parceria com a Garret Motion tem o melhor dos dois mundos: a reação rápida de um turbo pequeno e a desempenho de um turbo grande sem sofrer de lag.
O atraso (lag) sentido nos turbo é devido ao fluxo de gases de escape que são necessários para quebrar a inercia para movimentar a turbina e consequentemente a compressora. Neste caso em especial a pressão de turbo é garantida mesmo em rotações baixas e mesmo que o condutor tire o pé do acelerador ou trave o motor elétrico consegue manter uma pressão constante para se obter uma resposta rápida.

Perante os factos e considerando que são apenas especulações, cada um vai ter a sua opinião mas penso que nem todas as mudanças são más e que o futuro pertence a quem arrisca e que a Mercedes-AMG tem todas as ferramentas para conseguir juntar todas estas peças e fazer um automóvel que nos vai continuar a encher as medidas!