Edição Janeiro 2022
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Depois de todas estas crises agora é a vez do AdBlue
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A falta de AdBlue no mercado está a deixar uns tantos consumidores assustados e outros tantos confusos. Mas afinal o que se passa e como funciona a tecnologia? Será motivo para preocupação? O meu automóvel tem AdBlue? Como posso saber? Vamos deixar de conseguir utilizar as nossas viaturas? Vamos aproveitar esta teoria da conspiração para perceber melhor o tema e desmistificar algumas questões!
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Antes de começarmos a explicar o que é o líquido Adblue, é imperativo esclarecer o porquê da sua utilização.
Hoje são cada vez mais os motores diesel equipados com a tecnologia SCR (Selective Catalytic Reduction). Esta tem como objetivo reduzir significativamente as emissões de óxido de azoto (NOx) prejudiciais ao ambiente e dessa forma cumprir com os rigorosos limites de emissões de gases estabelecidos pelas normas Europeias (Euro 6) e Americanas.
Desde a sua criação em 1988, as normas europeias têm um grande objetivo: a diminuição e tratamento dos gases poluentes.
Na indústria automóvel, foram várias as inovações nesse sentido – principalmente nos últimos dez anos: desde o GPL (gás) até aos carros movidos a eletricidade e aos filtros das partículas. Foi nesse contexto que surgiu também o líquido Adblue.
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Com o passar dos anos vemos uma redução drástica na quantidade de particulas e NOx permitidos em prol de um futuro mais verde e sustentável, claro está que nenhuma destas normas é facultativa e têm de ser cumpridas à risca ou então os fabricantes ficam numa situação em que não podem legalizar os seus modelos.
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Pode-se, no entanto, considerar que depois de 2015, após o escândalo Dieselgate, a preocupação ambiental aumentou ainda mais por parte das fabricantes.
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Mas afinal como funciona?
Para percebermos como funciona mais vale ficarmos com uma ideia geral dos elementos que ao longo dos anos foram adicionados e que em conjuntos conseguem que os valores sejam abaixo dos estipulados pelas normas.
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Catalisador de Oxidação (DOC) : é um conversor catalítico focado na redução das emissões de CO e de hidrocarbonetos (HC) prejudiciais. O DOC utiliza uma estrutura alveolar para maximizar a área de contacto entre os gases de escape e os metais catalisadores que permitem que os hidrocarbonetos e o CO se decomponham em CO2 e H2O. Adicionalmente, contribui como componente da alimentação para a desnitrificação dos gases de escape. Para isso, ele converte o monóxido de nitrogénio (NO) em dióxido de nitrogénio (NO2).
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Filtro de Partículas (DPF) : Este elemento é, tal como o DOC, um verdadeiro especialista, recolhe e queima partículas existentes nos gases de escape. O processo de oxidação realiza-se numa estrutura alveolar, semelhante à estrutura do DOC. Utiliza um processo especifico (regeneração ativa ou passiva - dependendo dos construtores) para queimar as partículas recolhidas.
NOTA: Estes sistemas vão fazer a sua função mas dependem do tipo e tempo de condução. Muitas vezes por desleixo ou inconscientemente o utilizador acaba por interromper o processo criando uma saturação cada vez maior no filtro chegando ao ponto de ter de recorrer mesmo a uma oficina.
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Catalisador de Redução Catalítica (SCR) : É um sistema focado na remoção de NOx dos gases de escape. Para tal a sua composição é cerca de 67.5 % água e 32.5 % ureia. Os gases de escape e o fluido catalítico entram no sistema e atravessam uma estrutura que contém metais catalisadores. Estes estimulam a transformação dos NOx em várias substâncias menos nocivas como nitrogénio (N2) e vapor de água (H2O).
NOTA: Esta é uma solução não tóxica. No entanto, é altamente corrosiva, razão pela qual o abastecimento é, habitualmente, feito na oficina. Para assegurar que tal acontece, os fabricantes desenvolveram o sistema de forma a que a autonomia do depósito seja suficiente para percorrer os quilómetros entre revisões.
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- Neste momento já estamos um bocado mais dentro do sistema mas mesmo assim não sei se o meu automóvel tem esta tecnologia como posso confirmar?
Normalmente automóveis com desenvolvimento e produção após 2016 já devem trazer esta tecnologia mas devem sempre confirmar.
Isto é a parte mais fácil, normalmente (regra) o bocal de abastecimento do AdBlue está junto do bocal de abastecimento do gasóleo. No caso de não estar (exceção) podemos procurar debaixo do alçapão da mala ou no caso dos comerciais na baía do motor.
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- Próximo problema o abastecimento como devo proceder?
Neste caso temos duas soluções ou optamos por ir a um concessionário para abastecer na oficina ou pode ser o próprio utilizador a fazer pelos seguintes passos...
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1. Preste atenção à mensagem ou luz avisadora no painel de instrumentos
Se o nível de AdBlue for baixo, acende-se uma luz avisadora, símbolo ou mensagem que o alerta a efectuar o abastecimento com pelo menos 5 litros de AdBlue
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2. Localize o tampão do depósito de AdBlue
O tampão localiza-se ao lado do tampão do depósito de combustível, porém em alguns modelos poderá estar no vão do motor.
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3. Encha o depósito de AdBlue
O enchimento pode ser realizado com a pistola distribuidora, bidão ou garrafa. Caso se derrame AdBlue fora do bocal de enchimento, limpar bem a área e proceder novamente ao enchimento. Se o líquido tiver cristalizado, eliminá-lo com uma esponja e água quente.
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4. Aguarde que a mensagem ou luz do AdBlue se apague
Efetuado o abastecimento, aguarde que as sinalizações no visor se apaguem com a ignição ligada, antes de ligar o motor.
Se o abastecimento for feito com o depósito de AdBlue vazio, pode ser necessário aguardar até 2 minutos ou mesmo realizar um reset com a máquina de diagnósticos.
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No caso de comprar para ser o próprio a abastecer ter em consideração os seguintes pontos:
- O AdBlue é considerado um produto muito estável com uma longa duração de conservação. Se for conservado a temperaturas entre os -12° e os 32 °C, pode ser conservado pelo menos durante um ano (ver sempre rótulo);
- O AdBlue congela a temperaturas inferiores a -11 °C;
- Fechar bem a embalagem de AdBlue e armazená-la num local fresco, seco e bem ventilado. Não expor a embalagem diretamente aos raios solares.
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- Para aqueles com a cabeça no ar ou que andam sempre até à última,
e se acabar?
Importante reforçar que se o utilizador cumprir com o plano de manutenção da viatura a mesma não deve ficar sem AdBlue (isto no caso de uma condução considerada normal e sem falhas no sistema).
No entanto, quando o consumo de AdBlue é mais elevado (algo potenciado por um uso maioritariamente citadino) este pode esgotar-se antes da revisão.
Nesse caso, vai aparecer um aviso de que é preciso reabastecer (alguns modelos contam até com um indicador do nível de AdBlue). Alguns destes avisos são bastante precoces, pelo que pode ser ainda possível percorrer até mais de mil quilómetros até ser realmente necessário abastecer (varia de modelo para modelo).
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Em primeiro lugar, é importante dizer que o facto de acabar não implica danos para o motor ou sistema de escape. A consequência inicial mais óbvia é que a viatura vai deixar de cumprir as normas anti-poluição para as quais foi homologado.
No caso de estar em viagem e o AdBlue acabar, podemos também ficar descansados que o motor não irá parar (até por razões de segurança). Mas o que pode e vai provavelmente acontecer é o seu rendimento ficar limitado, podendo não superar um determinado regime de rotação (ou seja, entra no famoso “modo de segurança”).
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Neste caso, o ideal é procurar o mais rapidamente possível um posto de abastecimento para reabastecer de AdBlue.
Apesar de o motor não se desligar em andamento (como aconteceria caso o gasóleo acabasse), há no entanto a possibilidade de que, se após desligar, este não volte a arrancar sem que seja reabastecido primeiro com AdBlue.
A boa notícia é que mesmo que tal aconteça (e com alguma sorte), depois de reabastecer, o motor deverá regressar ao seu funcionamento normal mal detete o reabastecimento, não ocorrendo qualquer tipo de avaria.
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