Edição Dezembro 2018

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Tema do Mês:
O velhinho ABS faz 40 anos! 

Trazer o futuro para o presente é uma coisa que a Mercedes-Benz faz muito bem com toda a tecnologia que nos presenteia na sua vasta gama de veículos. É espantoso como certas invenções estavam tão à frente da sua época e como é que ainda hoje são usadas no nosso dia a dia nas tarefas mais simples e rotineiras.
Nesta publicação vamos tentar fazer de outra maneira para reviver o passado, conhecer como tudo começou e perceber os princípios de funcionamento de cada sistema que na maior parte dos casos estão ocultos trabalhando ativamente para nossa segurança.


1978 - Em conjunto com a Teldix, uma empresa alemã dedicada à electrónica, foi instalado o primeiro sistema ABS (Anti-Lock Braking System) num Mercedes-Benz, mais propriamente num classe S (W116). O ABS é um sistema importantíssimo na segurança dos automóveis e que ainda hoje é usado tendo-se tornado obrigatório em 2003, na Europa. O mesmo funciona evitando que as rodas não sejam bloqueadas durante uma travagem. Quando o veículo detecta uma travagem mais forte, em vez de o sistema de travagem bloquear as rodas o mesmo recebe um sinal pulsado evitando o bloqueio total, conseguindo assim manter a tracção de contacto com a estrada.  


1980 - O Cruise Control é disponibilizado pela primeira vez, mesmo sendo como extra e apenas no Classe S (W116) e no SL/SLC (W107). Este sistema foi desenvolvido devido à grande procura especialmente no mercado Americano. O Cruise Control era muito básico e apenas podia ser utilizado em conjunto com a caixa automática da altura.


1984 - O primeiro computador de bordo digital foi implementado e era controlado por um keypad na consola central que colocava à disposição do condutor 12 funcionalidades, incluindo o consumo médio e a velocidade média.
Foi ainda o ano dos cintos de segurança com pré-tensores, ajudando assim a minimizar fatalidades na estrada em todo o mundo.


1985 - A Mercedes desvendou novos sistemas de tração como o ASD (Automatic Locking Differential), o ASR (Anti-Slip Control) e o famoso 4MATIC. São muitos termos estranhos mas vamos tentar perceber o que fazem...
ASD é um mecanismo que usa sensores nas rodas da frente e no eixo traseiro que monitorizam constantemente a rotação. Com este valor a unidade de controlo consegue perceber se existe uma diferença substancial entre eixos e interpreta isso como perda de tracção (rodas a deslizar). Nesta situação uma válvula solenóide abre um novo canal de fluido hidráulico bloqueando o diferencial, distribuindo o binário do motor igualmente para as duas rodas.
ASR funciona também para evitar a perda de tracção do veículo mas de forma diferente. Usando os mesmos sensores de rotação nas rodas, a unidade de controlo percebe a perda de tracção e atua de uma de duas maneiras possíveis para recuperar a mesma.
  1. Utilizando o sistema de travagem;
  2. Estabilizando o binário do motor através do acelerador electrónico.
4MATIC mais conhecido como tracção às quatro rodas o sistema incorpora um bocado dos dois sistemas já falados. Na falta de tracção a roda em questão recebe impulsos de travagem e as outras são ajustadas para receber mais binário compensando assim um possível desequilibro. Foi apresentado inicialmente no Classe E (W124) no ano seguinte.


1992 - O ABS e o Airbag tornam-se standards para todos os automóveis Mercedes-Benz.


1995 - Ano de apresentação do famoso ESP (Eletronic Stability Program). Este sistema bastante complexo que simplificando incorpora as funcionalidades do ABS e do ASR e ainda inclui uma nova gama de sensores essenciais para manter a trajetória pretendida.

– Sensor do ângulo de direção, que através da coluna de direção informa sobre o movimento do volante.
– Sensores de velocidade de viragem, comuns ao ABS, que situados nas rodas informam sobre eventuais bloqueios.
– Sensor do ângulo de viragem e aceleração transversal, que informa sobre o comportamento real do veículo.

A um ritmo de várias vezes por segundo (dependendo da geração) a unidade de controlo recebe informações de todos estes sensores. Se num dado momento a informação sobre o comportamento real do veículo não coincide com a informação da viragem desenhada, o ESP deteta que se encontra perante uma situação de risco e intervém travando a roda mais conveniente para que o veículo recupere a trajetória, ou, em determinados casos, reduzindo o binário do motor para conseguir obter um efeito misto.

A Mercedes foi o primeiro construtor a nível mundial a introduzir esta tecnologia como standard em todos os seus modelos (em 1999). Depois desta decisão o numero de automóveis (Mercedes-Benz) envolvidos em acidentes graves caiu 42%. Podemos mesmo dizer que ficou para a história...
Ainda em 1995, depois de vários anos de investigação, é concedida autorização ao comum cidadão usar dados de satélite (até então apenas algumas empresas tinham aceso à esta tecnologia) criando a oportunidade perfeita para a Mercedes, em parceria com a Bosch, disponibilizar o seu sistema de navegação APS (Auto Pilot System). Para finalizar, o sistema PARKTRONIC foi também fruto deste ano.


1996 - Devido a vários estudos chegou-se à conclusão que o condutor em média tinha um tempo de reação baixo no caso de perigo eminente de acidente, o que é positivo, mas que não acionava o pedal do travão com a força exigida. Consequentemente, uma distancia de paragem maior, acabando muitas vezes em tragédia. Pensando nisso a Mercedes, em parceria com a TRW, decidiu criar o BAS (Brake Assist System), um sistema que ajuda o condutor a ter um poder de travagem maior no caso de uma travagem de emergência.
O sistema BAS mede, por um lado, a velocidade com que é libertado o pedal do acelerador e se pisa o travão. Por outro lado, calcula a pressão utilizada no sistema de travagem para interpretar se nos encontramos perante uma travagem de emergência. Assim que a unidade percebe que é uma travagem de emergência, é ativada uma válvula eletromecânica situada normalmente no servofreio para aumentar a pressão no circuito hidráulico de travões, pressão esta que se transmite instantaneamente às pastilhas e discos de travão, reduzindo a distancia de travagem e o risco de acidente.
Ainda nesse ano foi dado a conhecer o SBS mais conhecido como LINGUATRONIC como equipamento opcional.


1998 - Apresentação do sistema DISTRONIC, o cruise control adaptativo. Foi o primeiro marco na história que ainda se escreve da condução autónoma. O sistema era baseado em sinais de radares que permitiam que o veículo acelerasse ou travasse num intervalo entre 40 e 160 km/h mantendo uma distancia segura do veículo da frente. Hoje em dia o sistema já está muito mais evoluído e inclui muito mais funções.
Como o desenvolvimento não para, foi ainda em 1998 que foi apresentado o um sistema que veio mudar a forma de interação entre condutor e automóvel, o COMAND (Cockpit Managment and Data Systems) e que reinou durante 20 anos, sendo substituído agora em 2018 pelo MBUX (NTG 6.0).

 
2002 - Com o lançamento do Classe S (220) veio também o sistema PRE-SAFE. O sistema pode identificar com antecedência potenciais situações de condução críticas e implementar medidas de proteção dos ocupantes. As medidas incluem o aperto reversível dos cintos de segurança do condutor e do passageiro dianteiro, o fecho de vidros e do sistema de teto abertos para lidar com um acidente da melhor forma. 




2007 - É criado o inovador assistente de angulo morto, usando radares no para choques traseiro monitorizando o ambiente ao lado e atrás do veículo. O condutor era avisado se a mudança de faixa fosse perigosa. 


2008 - O assistente ativo de estacionamento permitia indicar ao condutor se o lugar era suficientemente grande para se estacionar. Para isso recorria a 10 sensores de ultrassons.  


Resumindo, algum destes sistemas já estão ultrapassados, mas é importante perceber que foram os pioneiros para toda a gama de sistemas que hoje temos disponíveis e que muitas das vezes nem damos o devido mérito. Vivemos numa era que tomamos tudo por garantido mas indiscutivelmente são estas pequenas tecnologias que nos salvam todos os dias nas mais irrisórias situações de trânsito.
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