Edição Abril 2018
A publicação será mensal e vai conter informações técnicas, notícias e novidades do mundo Daimler. O apoio da comunidade é bem vindo e por isso caso tenha alguma informação, sugestão, crónica, notícia técnica que ache que vale a pena partilhar entre em contacto com o Departamento Técnico ou através do e-mail vasco.pinto@soccsantos.pt.
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Tema do Mês:
Emissões e Consumos
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Com as políticas ambientais a apertar cada vez mais a indústria tem de mudar algumas normas para acompanhar os novos tempos cada vez mais "verdes". Todos concordamos que a poluição é um assunto crítico e bastante importante pois temos a perfeita noção que somos nós os responsáveis por todas estas alterações. A sociedade tem vindo a trabalhar no sentido de mudar a mentalidade das pessoas, mas isto trata-se de um processo que vai levar o seu tempo.
No ramo automóvel, passamos recentemente (2015), por um escândalo que abalou em muitos sentidos a confiança dos consumidores de algumas marcas. Claro que estou a falar do famoso "DieselGate", que não passava nada menos do que software que enganava as medições de poluentes emitidos (NOx) pelos automóveis. O software era inteligente ao ponto de saber se o veículo estava a ser testado em banco de ensaios ou em estrada conseguindo reduzir as emissões até 40 vezes, sendo o veículo aprovado pela EPA (United States Environmental Protection Agency). Estamos a falar de milhões de automóveis e por isso um caso a nível Mundial.
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Depois destes problemas, medidas foram tomadas para que não se repetisse o mesmo erro e que o sistema de medição de consumos em vigor não fosse enganado.
Isto tudo para falar do novo sistema implementado pela União Europeia, o WLTP (Worldwide Harmonized Light Vehicle Test Procedure) e que vai substituir o atualmente usado, o NEDC (New European Driving Cycle).
Todos os automóveis tem especificações de fábrica e duas delas são bastante importantes no nosso tema. Primeiro as emissões, que tem de ser calculadas para depois mais tarde sabermos o imposto a pagar e em segundo, os consumos médios de combustível, que em muitos casos são motivo de compra, ou não...
Sem dúvida que os consumos e as emissões estão entre os assuntos mais discutidos no ramo automóvel, gerando normalmente mais perguntas que respostas.
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NEDC
O primeiro ciclo de testes Europeu foi criado em 1970, claro que estamos a falar do NEDC. Este foi revisto em 1992, ganhando terreno para testes fora de cidade. Este ciclo foi sempre usado para todas as marcas para garantir uma referência e alguma coerência. Contudo, o ciclo não reflete os resultados obtidos em situações reais de condução. A discrepância é devida a diferentes estilos de condução, o uso de sistemas de conforto ou mesmo a resistência ao rolamento com carga adicional. Adianto ainda que, algumas tecnologias de redução de CO2 tem mais impacto no banco de testes que em condução em estrada, falo do Start/Stop... A continua evolução dos sistemas de condução ditam que hoje em dia este ciclo ficou obsoleto!
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WLTP
O WLTP define um padrão global para determinar os níveis de CO2, emissões poluentes, consumo de combustível ou energia, e autonomia elétrica para veículos ligeiros (ligeiros de passageiros e comerciais ligeiros).
Este teste foi concebido para servir de padrão global, ao abrigo de recomendações e orientações da UNECE (Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa), e definido de forma mais concreta por especialistas da União Europeia, Japão e Índia.
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Metas
O objetivo deste novo ciclo é uma harmonização global dos procedimentos de testes. Este foi concebido para ter os resultados mais parecidos com um comportamento real de condução e tendo em consideração muitos fatores até agora negligenciados.
Para que fique claro desde já, os veículos antigos/usados não serão afetados com estas novas regras, mas já estão estipulados prazos para que a sua progressiva integração.
- A partir de Setembro de 2017
Todos os veículos (ligeiros de passageiros) a ser certificados pela primeira vez já vão ter de ser testados ao abrigo deste novo ciclo. Ao mesmo tempo, vai ser calculado um consumo pelo ciclo NEDC a vai continuar a constar nos documentos legais de venda e outras publicações.
- A partir de Setembro de 2018
Todo o portefólio de veículos vai ter de ser certificado pelo ciclo WLTP. Para estes veículos vai ter de ser calculado os valores de emissões e consumos para passar a serem apresentados nos documentos de venda e outras publicações. Para veículos descontinuados apenas os valores do NEDC serão obrigatórios.
No final de 2020, tanto o WLTP como o NEDC, serão calculados para todos os veículos. Estes valores serão apresentados lado a lado em todas as publicações.
Os valores de apresentados serão apenas os do WLTP.
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WLTP vs NEDC
Este novo ciclo, WLTP, vai conseguir criar uma perfil de condução dinâmico mais alargado em relação aos consumos e emissões e que vão refletir num comportamento de condução mais realista que o antigo ciclo. Fazendo uma comparação direta nos consumos/emissões entre os dois ciclos vamos conseguir comprovar que no WLTP estes vãos ser mais altos, o que vai levar a alterações relativamente à legislação, mas lá chegaremos...
Apesar de NEDC garantir uma comparação transversal a todas as marcas de automóveis, começa a deixar de ser o mais indicado/fiável para acompanhar todas as tecnologias que temos visto a aparecer, não conseguindo levar em conta muitos fatores importantes para as medições exigidas.
Como sabemos muito bem, a aerodinâmica de um automóvel é um fator chave de eficiência para viagens de longa distância e que é deixado fora de consideração no NEDC. Por outro lado, no WLTP, é considerado para a medição de CO2, alguns extras opcionais pois o estilo de condução, a aerodinâmica, a potência e o uso de sistemas de conforto/conveniência vão afetar a resistência ao rolamento devido ao aumento do peso bruto do veículo. Com isto podemos concluir que para o mesmo veículo podemos ter diferentes níveis de emissões e consequentemente outra carga fiscal. No nosso país ainda se debate se algumas leis vão ser alteradas devido a esta condicionante. Avançamos que para já o ar condicionado vai ser o único elemento que vai ficar de fora destas contas!
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Em contraste com o NEDC, o ciclo de testes WLTP dura mais 10 minutos que o antecessor e inclui apenas 13% de paragens. A distancia percorrida, durante todo o ciclo, é de 23,5 Km, mais do dobro que o NEDC!
As trocas de caixa passam a ser calculadas especificamente para cada veículo, sendo uma grande mudança pois antes eram fixas e beneficiando em grande parte as caixa de velocidade manuais. As velocidades máximas são agora mais altas, podendo ir até 131 Km/h.
Uma grande desvantagem do NEDC é que uma grande parte do ciclo é feita a velocidades constante (40%) e com poucos momentos de aceleração (21%). Este tipo de condução é considerado maioritariamente fora de cidade e que raramente apresenta valores realistas. No outro lado da moeda, o WLTP, apresenta quatro fases, até 60 Km/h, até 80 Km/h, até 100 Km/h e até 131 Km/h. Com esta vasta gama é possível simular todo o tipo de condução como cidade, fora de cidade e autoestrada.
Resumindo, o novo ciclo é em tudo mais transparente e promete vir para certificar que o cliente recebe uma informação mais assertiva mas também que o sistema não possa ser engando...
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Será que não? Afinal o ciclo é feito também num banco de testes exatamente como o anterior não é?
É sim, mas tem mais um complemento importantíssimo com componente de estrada... o ciclo RDE que faz parte integral do ciclo WLTP!
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RDE ou Real Driving Emissions, ao contrário dos testes de laboratório, como o WLTP, são testes efetuados em situações de condução reais. Servirá de complemento ao WLTP, não o substituindo.
Para estes testes é usado uma máquina acoplada ao veículo para que este possa circular na via publica e medir/calcular as emissões. A PEMS (Portable Emissions Measurement System) mede as emissões de oxido nitroso ou NOx e monóxido de carbono ou CO. No futuro vai ser possível também a medição da emissão de partículas.
Teoricamente, não existe um ciclo predefinido, as medições ocorrem em ambiente de trafico diário em conformidade com as regras de trânsito. Os veículos devem ser conduzidos entre 90 e 120 minutos, sendo que um terço em cidade e o resto em fora de cidade/autoestrada. A velocidade média deve ser entre 15 e 30 Km/h na cidade e entre 90 e 110 Km/h em fora de cidade/autoestrada. A temperatura ambiente deve ser estar entre 0 e 30ºC e com o ar condicionado ligado. Como ultima restrição, este ciclo de estrada não deve ser feito em estradas 700m acima do nível médio das águas do mar e com um desnível de mais de 100m.
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Os elétricos estão na moda... Chegou a vez do Actros!
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Em 2016, a Mercedes-Benz Trucks tornou-se o primeiro fabricante, no mundo, com um comercial pesado elétrico. A tecnologia pioneira está agora a seguir o caminho mais lógico com a colocação de um camião elétrico, o eActros, na rua com clientes pilotos. Está previsto ainda este mês serem entregues dez veículos, de duas variantes diferentes 18 ou 25 toneladas, com o objetivos de estes serem testados no dia-a-dia e perceber o seu comportamento e eficiência em condições reais de utilização. Tudo isto com um objetivo de uma dia mais tarde circularem comerciais pesados, produzidos em série, nas localidades livres de emissões.
A verdade é que a corrida já está lançada pois pelo menos uma marca (Tesla), já anunciou a seu camião... Para não fugir da linha de pensamento também é elétrico!
A base para o eActros é o atual Actros, contudo, a arquitetura teve de ser adaptada para o sistema elétrico e todos os componentes inerentes ao mesmo. O eixo motriz é baseado no AF AVE 130, já usado e testado dos autocarros da Daimler AG e que pouco mudou para ser incluído neste projeto.
O sistema é composto por dois motores elétricos trifásicos assíncronos que foram colocados estrategicamente no eixo traseiro. Estes são arrefecidos a água e funcionam com uma tensão nominal de 400 V. Cada motor é capaz de debitar 125 kW com um binário de 485 Nm. Mas não ficamos por aqui, pois este valores de binário podem subir até 11 000 Nm ficando em termos de performance muito próximo de um camião a diesel.
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A carga máxima permitida por eixo é de 11,5 ton. As duas baterias de lítio tem capacidade de 240 kWh, traduzindo-se em 200 Km de viagem para o utilizador. Como as sinergias entre empresas dentro da Daimler AG funcionam bem, a tecnologia já teve a sua aprovação na EvoBus, não sendo este projeto considerado um protótipo mas sim teste de conceito final.
As baterias estão agrupadas em onze packs em que três dos quais estão incorporadas no chassi e as outras oito estão por baixo do mesmo. Por razões de segurança todos os packs de baterias estão protegidos por estruturas de aço, para no caso de uma eventual colisão, a estrutura seja a primeira a ceder não afetando as baterias. As baterias de alta tensão não só fornecem energias para o eixo motriz mas também para outros componentes acionados eletricamente no veículo como o compressor de ar para o sistema de travagem, para a bomba de direção e para o compressor de ar condicionado.
O tempo de carregamento, das baterias descarregadas, pode ir de três a onze horas dependendo do tipo de carregador usado (assumindo carregadores de 20 a 80 kW). O tipo de norma usada para o carregamento é o CSS, Combined Charging System.
O sistema de baixa tensão continua a existir e funciona em conjunto com o sistema de alta tensão. Este é composto, como habitual, por duas baterias de 12 V que são carregadas pelas baterias de alta tensão devido a um conversor DC-DC. Isto assegura que a maior parte das funções relevantes do veículo como as luzes, os travões, a suspensão a ar e os sistemas da cabine continuam operacionais no caso de uma falha/desligamento do sistema de alta tensão. O sistema de alta tensão apenas pode ser ativado se ambas as baterias de 12 V estiverem carregadas.
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Temporada de F1 já começou!
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A época de 2018 já começou, a cidade escolhida para iniciar a temporada foi Melbourne, a segunda cidade mais populosa da Austrália e que fica a 670 Km da capital Camberra.
O início não foi o melhor para a equipa da Mercedes tendo Lewis Hamilton ficando em segundo lugar, rodeado de dois pilotos da Ferrari.
Mesmo assim, isto ainda agora começou e a Mercedes promete dar luta mais uma vez e revalidar o título em 2018, apresentado algumas alterações...
Com o termino da produção do novo chassi, Mercedes-AMG F1 W09 EQ Power+, foram desenhadas mais de 7000 peças novas, mais de 40 000 componentes foram testados em relação à sua resistência e mais de 3150 pequenos almoços servidos aos sábados à equipa de desenvolvimento e produção. A equipa deu o coração e a alma por este novo F1 e milhares de horas de trabalho tudo para um objetivo final comum... O Título de Campeão do Mundo!
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Em Setembro de 2017 a Mercedes iniciou uma tour pelo Mundo, para testar a condução autónoma, intitulada Intelligent World Drive. Esta volta ao mundo tinha como objetivo percorrer cinco continentes em cinco meses e reunir a maior quantidade de dados possível para aperfeiçoamento da condução autónoma.
O veículo de teste usado foi uma pré-produção do facelift do Classe S (W222) e este enfrentou os mais diversos ambientes e as mais complexas situações de trânsito. A aventura acabou no início de 2018 e os resultados não podiam ser melhores, os dados recolhidos vão ser analisados para mais tarde, no futuro, os sistemas de condução autónoma serem personalizados para cada região e a sua adaptação ser o menos invasiva possível.
O esforço da Daimler tem de ser acompanhado pelos países criando legislação para a condução autónoma, sem isso o ramo automóvel pode mesmo estagnar neste campo.
A tour foi registada em cinco pequenos episódios que estão disponíveis em seguida...
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Europa
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China
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Austrália
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África do Sul
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Estados Unidos da América
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